Ciclídeos do Tanganyika, Uma Breve Introdução


O lago Tanganyika apresenta uma grande variedade de espécies com formatos e tamanhos variados. Possibilitando assim, a configuração de pequenos a grandes aquários, abrigando espécimes que podem oscilar entre três e quarenta centímetros. 



Trata-se do mais antigo lago da África, formado no Mioceno, há aproximadamente 20 milhões de anos atrás, quando a intensa atividade vulcânica gerou fendas e nessas vales, onde num desses surgiu o Tanganyika.

A costa do lago é formada por um terreno montanhoso, sendo em parte inacessível devido ao relevo irregular. Possuindo cerca de 400 quilômetros de extensão por 50 quilômetros de largura, com uma superfície de 34.000 quilômetros quadrados e até 1.470 quilômetros de profundidade.

Este biótopo possui uma parametrização muito peculiar, de modo que seus parâmetros não são dos mais comuns. Onde temos uma água altamente alcalina e mineralizada (Vide: Mistura dos lagos "espécies"). Sua temperatura é bastante uniforme, pouco variando mesmo nas partes mais profundas e acredita-se que isso se dê, devido a estreita atividade vulcânica por debaixo do mesmo. Assim, sem diferenças significativas em sua amplitude térmica, não há força motriz capaz de gerar correntes verticais que correm na maioria dos lagos a fornecer oxigenação às áreas mais profundas. Limitando a vida aeróbica do Tanganyika a sua camada superior que é extremamente rica, em especial no que diz respeito aos Ciclídeos.


Localizado no Vale do Rift no leste africano é um paraíso para espécies desta família de peixes, onde a vida abrange milhões de anos ininterruptos e graduais, devido a suas condições especiais, decorrentes duma localização biogeográfica privilégiada. Enquanto os outros lagos secavam ou ficavam cobertos por gelo, o Tanganyika não parava e a vida nele existente continuava a desenvolver adaptações para os diferentes habitats que surgiam ao longo desses milhões de anos. Levando à espécies altamente especializadas, com adaptações incomuns que observamos hoje, de forma que ao analisarmos estes habitats as percebemos. 

Os habitats rochosos do lago podem ser divididos em quatro seguimentos, o litoral rochoso superficial, o habitat rochoso livre de sedimentos e o habitat rochoso coberto com sedimento (Konings p.122). Sendo esses, lares duma grande variedade de espécies que podem ser encontradas de forma gregária ou solitária, como grandes colonias ou espécimes andarilhos expulsos das mesmas, além daquelas altamente territoriais.





Os fundos arenosos possuem uma grande quantidade de conchas acumuladas que, devido ao elevado teor de cálcio presente na água do lago, se preservam ao longo dos anos e servem de ninho e refugio para muitas pequenas espécies de ciclídeos. As espécies que habitam esse biótopo, normalmente são gregárias, sendo essa a melhor forma de se alimentarem e proliferarem. 




Os solos lamacentos são compostos por detritos orgânicos em decomposição, onde não há rochas ou areia, mas lama trazida pelos rios que desaguam no lago. O Plâncton existente nessas áreas serve de alimento para espécies de ciclídeos, bem como crustáceos, larvas de insetos, vermes e outros invertebrados (Konings p.217). 


As águas abertas são compostas por grandes cardumes de peixes, inclusive por não ciclídeos, onde a cadeia alimentar começa com o fitoplâncton que prospera na luz e seve de alimento para variadas espécies de ciclídeos e não ciclídeos, que são as principais presas daquelas predadoras presentes na zona pelágica (Konings p. 244).



Esta é apenas uma breve introdução sobre alguns poucos pontos dentre os que se destacam nesse incrível lago, seus ciclídeos e habitats diversificados. Um verdadeiro exemplo de evolução e ratificação da irradiação desta família no planeta água.



Texto por: 
Nélio Jr.

Fotos por:
Wagner Rodrigues

Referencia:
Konings, Ad. Tanganyika Cichlids. Holland: Verduijn Cichlids, 1988. Loiselle, Dr. P.V. The Cichlid Aquarium. Germany: Tetra Press, 1994.